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Em entrevista ao G1, o paciente afirma
que fez o teste e a contraprova no mesmo laboratório e ambos os exames
indicaram a presença do vírus. O homem conta que desmaiou ao receber o exame,
segundo ele, na recepção do laboratório, sem o acompanhamento de um
profissional para orientá-lo.
“Meu mundo
acabou. Pensei em suicídio. Eu não conhecia nada sobre essa doença e não
imaginava. Meu casamento acabou"
"Na época meu trabalho rendia muito, tinha
comprado apartamento, carro novo, estava em ascensão. Depois desta notícia não
conseguia trabalhar, não me imaginava relacionando por ninguém. Peguei o exame
no balcão, sem acompanhamento de ninguém”, contou.
O Laboratório Núcleo informou em nota ao G1 que
“o procedimento tomado segue portaria da Vigilância Sanitária, que determina as
normas para realização do exame de HIV.” Disse ainda que a realização “deve
passar por três etapas para confirmar o resultado” e que “todos os
procedimentos foram concluídos com excelência”.
“Vale destacar que vários fatores podem gerar
resultados falsos positivos, como doença de Hashimoto, vitiligo, artrose,
lúpus, reumatóide e alguns tipos de vírus da gripe, entre outros”, ressalta o
texto (confira íntegra da nota abaixo).
Ação na Justiça
A decisão que condenou o laboratório foi tomada
durante a seção 6ª Câmara Cível do TJ-GO, realizada no último dia 18 de julho.
De acordo com o relator do voto, o desembargador Jeová Sardinha de Moraes, a
empresa falhou ao não informar corretamente sobre a metodologia empregada e os
possíveis resultados. Segundo ele, a falha fere Código de Defesa do Consumidor
(CDC).
Antes de ir para julgamento pelos desembargadores,
o laboratório tinha ganhado a ação em primeiro grau, tendo o pedido de
indenização sendo julgado improcedente. O paciente entrou com um recurso e
conseguiu uma decisão favorável. No entanto, segundo informou o diretor do
laboratório, o médico Syd Oliveira, a defesa deve recorrer ao Superior Tribunal
de Justiça (STJ).
“No resultado do teste, inclusive conta a mensagem
que o exame pode apresentar resultado falso-negativo e falso-positivo. Toda a
metodologia está de acordo com as normas da Anvisa [Agência Nacional de
Vigilância Sanitária]”, alegou o diretor ao G1.
Advogado do paciente, Diego Nonato de Paula conta
que mesmo com o comunicado, o laboratório poderia ter orientado melhor o
paciente, por exemplo, no ato da entrega do resultado, encaminhando o cliente
dele para um médico infectologista e descobrindo, de forma mais rápida, que ele
não tinha o vírus HIV.
“Ele fez o exame e a contraprova, os dois deram
positivo. Isso está errado, precisava de um preparo maior. A responsabilidade
dever ser atribuída ao laboratório, nos moldes do artigo 14, do CDC, que
consagra a responsabilidade objetiva do fornecedor de serviços”, afirmou o
advogado.
Transtornos
O caso aconteceu em novembro de 2011, logo após a
morte da mãe do paciente, que sofria de problemas cardíacos. Segundo ele, com
isso, o médico o orientou a fazer um check-up completo, com exames de imagem e,
para aproveitar, com um hemograma e testes completos. Ele fez os exames e
recebeu, por telefone do labortório, um comunicado para fazer a contra-prova do
exame, que tinha dado uma alteração.
“O rapaz do laboratório ligou falando que ele que
fazia os exames, e que tinha dado um probleminha no exame. Eu insisti até que
ele disse que o que eu tinha que refazer era o de HIV. Eu já fiquei sem chão e
fui refazer. Neste tempo a minha esposa já começou a brigar comigo por conta
disto, suspeitando de traição”, contou.
Segundo ele, pouco tempo depois a esposa dele saiu
de casa e os dois se separaram. O homem voltou para fazer a nova coleta para
gerar a contraprova. Ele contou que, no dia de pegar o novo resultado, foi
acompanhado de uma tia e recebeu o envelope com os resultados do teste na
recepção do local.
Eu abri o envelope e entrei em desespero. Na hora
passou um homem de jaleco e ele deu um tapinha nas costas, dizendo que eu
morreria de qualquer coisa, menos disto. Minha esposa me abandonou e minha tia
cuidou de mim, me dava calmantes fortes"
"Eu
fiquei um mês só comendo e dormindo, minha vida acabou, fiquei mais de um mês
dopado, sem forças”, contou o homem.
Em janeiro de 2012 o homem resolveu procurar um
médico infectologista para saber qual procedimento tomaria em relação ao
tratamento. O especialista pediu novos exames e os resultados surpreenderam,
positivamente, o homem.
“Eu contei que era fiel à minha esposa, que ela não
tinha e que não tinha risco de ter a doença. E ele pediu para refazer os testes
que já tinham dado positivo e um para ver a carga viral. Eu fiz o exame em dois
lugares diferentes, em um laboratório particular e pelo SUS [Serviço Único de
Saúde], todos deram negativo”, afirmou.
O homem suspeita que possa ter havido alguma
confusão em relação ao nome dele no laboratório já que, segundo ele, no dia da
primeira coleta havia três pessoas com o mesmo nome e sobrenome.
“Tinham três homônimos, não sei se foi isso que
gerou esta confusão. Mas enfim, eu voltei e refiz o exame, não era para isso
ter acontecido. Isso é muito grave. Ainda existe um estigma muito grande sobre
a doença e isso amedronta a gente de uma tal forma, que eu perdi totalmente o
controle”, desabafou.
Confira a íntegra da nota do Laboratório Núcleo:
Com 31 anos de mercado, o laboratório Núcleo preza
por empregar a melhor metodologia na realização de seus exames. Sabemos da
importância na tarefa realizada por nossos profissionais e esperamos passar
essa segurança para nossos pacientes.
Esclarecemos que o procedimento tomado segue portaria
da vigilância sanitária, que determina as normas para realização do exame de
HIV. A qual está determinada que deva passar por três etapas para confirmar o
resultado, sendo assim todos os procedimentos foram concluídos com excelência.
Vale destacar que vários fatores podem gerar resultados falsos positivos, como
doença de Hashimoto, vitiligo, artrose, lúpus, reumatoide e alguns tipos de
vírus da gripe, entre outros.
Em três décadas de serviços prestados a sociedade
goiana não existe histórico que possa invalidar a credibilidade de nossos
procedimentos e profissionais.
Ressaltamos que em primeira instância o parecer foi
favorável ao laboratório Núcleo, na segunda instância foi decidido em favor do
paciente e agora cabe ao laboratório recorrer dessa decisão.
O laboratório Núcleo segue de forma rígida as
exigências da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). É uma empresa
familiar e tradicional que está muito orgulhosa dos serviços prestadas a
sociedade goiana.
Acreditamos em associar o que há de melhor em
tecnologia, com os mais modernos métodos de análises em medicina diagnóstica.
Laboratório Núcleo é um patrimônio dos goianos.
Fonte:http://g1.globo.com/goias/noticia/laboratorio-e-condenado-a-indenizar-paciente-em-r-20-mil-por-resultado-errado-de-teste-de-hiv-em-goiania.ghtml
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