Uma criança ou adolescente com idade até 19 anos morre vítima de violência a cada sete minutos em algum lugar do mundo, segundo relatório divulgado pela Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) nesta quarta-feira (1).
De acordo com o estudo "Um Rosto Familiar: A violência na vida de crianças e adolescentes", 82 mil meninos e meninas morreram vítimas de homicídio, conflito armado ou violência coletiva em 2015. Pelo menos 24,5 mil dessas mortes aconteceram na região da América Latina e do Caribe.
Florence Bauer, representante do Unicef no Brasil, ressaltou ainda que os homicídios muitas vezes são apenas a última etapa em um ciclo de abusos e violações a que crianças e adolescentes são submetidos desde os primeiros anos de sua vida. O levantamento detalha os meios como as vítimas podem sofrer em seu dia a dia — que vão desde violência disciplinar e violência doméstica na primeira infância até violência na escola, incluindo bullying, e violência sexual.
Violência doméstica
O relatório da entidade cita o Brasil positivamente como um dos 59 países que têm uma legislação que proíbe o castigo físico: apenas 9% das crianças com menos de 5 anos em todo o mundo vivem nesses lugares, o que significa que 607 milhões não contam com uma proteção legal contra esse tipo de violência. Cerca de 300 milhões dos pequenos no mundo sofrem agressão psicológica e punição física de seus próprios cuidadores.
A América Latina e o Caribe concentram cerca de metade dos homicídios de crianças e adolescentes em todo o mundo. Segundo a Unicef, dos 51,3 mil homicídios de meninos e meninas não relacionados a conflitos armados, 24,5 mil aconteceram nessa região. "Esses números se mostram desproporcionais considerando que tal conjunto de países abriga pouco menos de 10% da população nessa faixa etária", pondera a entidade.
O lugar que mais mata as crianças e adolescentes de forma não relacionada a guerras e conflitos armados é a Venezuela (taxa de 96,7 mortes para cada 100 mil), seguida por Colômbia (70,7), El Salvador (65,5), por (64,9) e Brasil (59). A região mais segura do mundo, por sua vez, é a Europa Ocidental — com 0,4 morte para cada 100 mil habitantes.
Síria é um dos países que mais matam crianças por guerra e violência coletivaGetty Images
Violência por guerras
No que diz respeito à violência coletiva e às guerras, 31 mil mortes de crianças e adolescentes aconteceram em 2015 — 70% delas no Oriente Médio e Norte da África. Os países mais perigosos são Síria (327,4 mortes para cada 100 mil meninos e meninas), Iraque (122,6), Afeganistão (49,4), Sudão do Sul (29) e República Centro-Africana (18,9).
A Unicef reforça que todas as crianças e adolescentes têm o direito de proteção contra qualquer tipo de violência, seja aquela que acontece no ambiente familiar, na comunidade, em consequência de conflitos armados ou de violência urbana. "Além da dor e do sofrimento que causa, a violência mina o senso de autoestima das crianças e dos adolescentes", endossa a entidade.
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Em 2 de setembro de 2015, uma foto de Alan Kurdi, garoto sírio de três anos que morreu afogado no mar entre a Turquia e a Grécia, comoveu o mundo. A imagem — que mostra o corpo de Kurdi, de bruços, retido na faixa de areia enquanto é observado por um policial turco — se tornou uma espécie de símbolo do drama enfrentado pelas crianças que vivem em situação de guerra



![Na foto, é possível ver uma garota síria andando em meio a escombros na cidade de Kobane, na Síria. A Unicef afirma que, em 2015, cerca de 45 por cento de todas as crianças refugiadas sob proteção do ACNUR [Alto Comissariado da ONU para Refugiados] vieram da Síria e do Afeganistão Na foto, é possível ver uma garota síria andando em meio a escombros na cidade de Kobane, na Síria. A Unicef afirma que, em 2015, cerca de 45 por cento de todas as crianças refugiadas sob proteção do ACNUR [Alto Comissariado da ONU para Refugiados] vieram da Síria e do Afeganistão](https://img.r7.com/images/2017/09/01/42oli7nkrk_2ii198uyy6_file.jpg?dimensions=55x46)



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